sábado, 29 de março de 2014

Letra: Pedra Filosofal

Autor: António Gedeão

Eles não sabem que o sonho

é uma constante da vi(E)da

Tão concreta e definida

como outra coisa qualquer

Como esta pedra cinzenta

em que me sento e descanso

Como este ribeitro manso

em serenos sobressaltos

Como estes pinheiros altos

que em verde oiro se agitam

Como estas aves que gritam

em bebedeiras de azul

Eles não sabem que o sonho

É vinho, é espuma é fermento

Bichinho alacre e sedento

De focinho ponte agudo

Que fussa através de tudo

Num perpétuo movimento

Eles não sabem que o sonho

É tela, é cor, é pincel

Base, fustre, capitel

Arco em ogiva, vitral

Pináculo de Catedral

Contraponto sinfonia

Máscara grega, magia

Que é retorta de alquimista

Mapa do mundo distante

Rosa dos ventos, Infante

Caravela Quinhentista,

Que é cabo da Boa-Esperança

Ouro, canela, marfim,

Florete de espadachim,

bastidor, passo de dança,

Colombina e arlequim

Passarola voadora

Pára-raios, locomotiva,

Barco de proa festiva,

Alto forno, geradora.

Cisão do átono, radar,

Ultra-som, televisão,

Desembarque em foguetão

Na superfície lunar

Eles não sabem nem sonham

Que o sonho comanda a vida

Que sempre que um homem sonha

O mundo pula e avança

Como uma bola colorida

Entre as mãos de uma criança

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